Archive for junho, 2013

Dois Textos: Sr. Gallant e Poemeto (2)

Oi, pessoal,

Para a atualização desta semana, escolhi um texto meu antigo que não deve ser conhecido de quem só conhece meus trabalhos por este blog.

Também incluo meu segundo poemeto da série “Poemetos”.

Boa leitura. Comentários serão bem-vindos.

Beijos
Rita

P.S: Meus leitores mais antigos irão perceber que utilizei aqui outra versão de Lothar Gan Amon, uma das mais radicais de todas eu diria.

Sr. Gallant
Por Rita Maria Felix da Silva

Em São Bento da Trindade, diziam-se as melhores coisas do Sr. Eduardo Martins Gallant.

Para sua esposa, era o melhor homem do mundo. Os filhos, dez ao todo, juravam que pai mais dedicado não poderia existir.

Na Política local, aliados bajulavam-no com sinceridade e inimigos se orgulhavam de enfrentá-lo. Fora prefeito daquela cidade por três vezes. O povo agradecera a Deus, a Maria e aos Santos por terem aquele cidadão em quem votar. A maioria chorou quando ele não quis mais ser candidato.

Os comerciantes abençoavam cada momento que ele vinha a suas lojas. Comprava muito, mas não excessivamente, e era o melhor pagador que já viram. Nunca um cobrador precisou ser mandado à porta daquele senhor.

O Padre Segismundo louvava a presença daquele fiel na Igreja. Cristão mais devoto, alma mais piedosa, bolso mais generoso, por certo não haveria. Eram lendárias suas obras de caridade e as doações monárquicas à paróquia.

No Clube dos Homens-Bons, onde se reuniam os mais endinheirados da região, sempre fora o presidente. Herdeiro da mais tradicional família de usineiros da região, trocara de ramo para os negócios imobiliários na capital, Recife, e multiplicara por dez o patrimônio que seu pai, o Coronel Ludovico, havia lhe deixado. Uma revista famosa lá do Sul listou-o como uma das dez maiores fortunas do país.

E a todos tratava com uma cordialidade, uma bondade como raramente se imaginaria.

Era perfeito o Sr. Gallant, nada menos que esta palavra, sentenciavam todos em São Bento da Trindade.

E se havia algo que o povo podia criticar daquele homem bondoso era que trabalhava demais e nunca se divertia. Isso, porém, não era bem verdade.

Desconhecida pelos habitantes da cidadezinha havia uma casa de pedra antiga na capital, imóvel do tempo do bisavô Major Tertúlio. Lá o Sr. Gallant descansava vez ou outra de volta de seus negócios.

Foi assim numa noite de agosto. O Sr. Gallant parou naquela casa. Cumprimentou, com gentileza admirável, o empregado calvo e mudo que ele encarregara dos cuidados àquele lugar. Pediu um cálice de vinho e foi até um dos quartos. Bebeu, deixou a taça na escrivaninha. Puxou um lençol que cobria um quadro na parede. A pintura era européia da Alta Idade Média. Reprodução de uma obra ainda mais antiga. Tratava-se do desenho de um monstruoso ser não-humano, Lottar Gan Amon, um dos setenta e três demônios cultuados no extinto continente de Atlântida, a quem os atlantes sacrificaram povos inteiros.

O Sr. Gallant ajoelhou-se e recitou uma prece numa língua mais velha do que qualquer cultura ainda existente neste planeta. Eram palavras feias, de algum linguajar abominável. Frases de louvor, de gratidão e oferecimento.

Levantou-se. Seu rosto estava extasiado. Puxou de debaixo da cama uma grande mala de couro e abriu-a. Dentro uma coleção invejável de facas de vários tipos, a maioria metálica, porém algumas talhadas em osso. Todas mais velhas que este país. Escolheu uma delas. Beijou-lhe a lâmina.

Tirou do pescoço uma corrente de prata na qual estava pendurada uma chave cinzenta. Abriu uma portinhola no chão do quarto. Pegou uma lanterna numa gaveta e desceu por uma escadinha de madeira, não sem antes fechar a pequena porta atrás dele.

No porão, o facho de luz apontou para uma jovem acorrentada, amordaçada e caída num canto. Chorava inutilmente. A face era de uma tristeza que fazia pena.

O Sr. Gallant fez questão de mostrar-lhe a faca, mas não disse uma só palavra. A moça começou a contorcer-se. A mordaça abafava-lhe os gritos, as correntes cuidavam do desespero.
O servo, pens%ou o Sr. Gallant, como era costume, esmerava-se no cumprimento da tarefa. Trazia-lhe sempre as garotas mais adoráveis. Sorriu, pensando na pele, carne e ossos daquela mulher, tão ansiosas e frágeis diante da faca cerimonial.

Como ato de piedade, pediu-lhe perdão antes de começar. Suspirou feliz como não fazia há tempos. Sim, os últimos dias haviam sido estressantes, mas agora ele realmente poderia se divertir.

Fim
Dedicado a Udo Baingo

POEMETO (II)

E sussurrou para mim aquele metafórico bardo:
— Ora, diga-me, e qual universo tu já conheces?
Todavia, como eu perdera quem é meu universo,
Assim, tão somente, pude curvar a minha cabeça
— Nenhum, — respondi com coração lacrimoso

Poema: Rita Maria Felix da Silva

junho 16, 2013 at 12:44 am 1 comentário

Dois Textos: Otto Von Dews e Pometo (I)


Oi, pessoal,

Para atualização de hoje, posto dois textos. O primeiro é um caso muito especial:

Talvez alguns de meus leitores saibam que adoro fazer peoplefics, que são histórias ficcionais em que uso uma pessoa real transformando-a num personagem ficcional e a utilizo num contexto fictício. Foi assim com esta história, em que homenageie o amigo Von Dews, do blog Vertigem HQ.

Quando comecei essa história, a idéia era fazer dez contos com o Barão Otto von Dews contando suas histórias. Mostrei a idéia a Von Dews e ele aprovou, até fez uma capa maravilhosa e o texto foi postado na web como ebook (infelizmente não tenho mais o arquivo do ebook).

Infelizmente,na época, o texto foi muito mal recebido por alguns intelectuais internéticos. Por favor, não me entendam mal: tudo em nossa sociedade está sujeito a críticas e não tenho a pretensão ou presunção de achar que meus textos estejam acima disso. Claro que não: sou imperfeita, meus textos são imperfeitos, sempre vai haver alguns que gostem deles e outros que não.

Ocorre, porém, que meu lado racional entendeu as críticas como exageradas e injustas e meu lado emocional se magoou muito com elas. Na verdade, fiquei tão magoada que jamais prossegui adiante com a série e parei de divulgar o texto, que acabou ficando desconhecido da maioria de meus leitores.

Bem, isso é passado agora e, por essa razão, resolvi postá-lo aqui no meu blog.

O segundo texto é algo bem simples: um poemeto meu. Bem desprentencioso e sentimental. Espero que gostem.

Boa leitura, comentários serão bem-vindos.


As Histórias do Barão Otto von Dews
Episódio 01 de 10 – “Ângelo e o Saco de Dinheiro”

Por Rita Maria Felix da Silva

O começo de uma manhã neblinosa e lúgubre na ilha rochosa de Santa Edwiges — que, assim dizem, situa-se no lugar mais remoto do mundo.

Ali, erguido em pequena elevação, ficava o Castelo do Monte Tempestuoso, construção antiga, de pedras que resistiram às marés da História. Era o solitário lar do Barão Otto von Dews, como tinha sido por toda sua vida, pois, há mui-tos anos, o último de seus parentes deixara a terra dos vivos.

Padecendo de insônia crônica, o Barão tinha por costume esperar na biblioteca até o amanhecer, sempre acompanhado de um bom livro e uma garrafa de vinho. E, muitas vezes, por acreditar que fantasmas vagavam por aquele lugar e vinham, invisíveis, escutá-lo, Otto lhes contava histórias:

— Acabo de reler “História da Riqueza do Homem”, de Leo Huberman, — disse o Barão, enquanto olhava para a garrafa e a taça vazias colocadas num móvel perto da poltrona em que estava sentado, onde também repousava um livro — talvez você conheça aquele socialista americano. Uma boa obra. Sempre me faz refletir… Eu estava pensando sobre o dinheiro, algo que tanto sobrevalorizamos e pelo qual muitas coisas, até as mais desagradáveis, são feitas. Nessas horas lembro-me da história de Ângelo.

E o Barão Von Dews recostou-se na poltrona, bocejou — intimamente lamentava a falta do sono — e assim disse:

“Pelos anos que até agora vivi, jamais encontrei resposta para uma questão que deveria ser simples: a bondade é uma dádiva inerente a todos nós ou precisa ser perseguida com a mesma ânsia que alguns homens caçam tesouros?

De qualquer modo, nossa história começa com Ângelo. Seus pais, que morreram quando ele mal chegara à maturidade, deixaram-lhe uma pequena fortuna, o suficiente para uma vida sem preocupações financeiras.

Não seria difícil encontrar uma jovem que se dispusesse a passar a vida com ele, mas Ângelo tinha uma queda pela solidão e, assim, jamais se casou e nunca ergueu uma família.

Dizia que seu amor era pelo próximo, pela humanidade. Se aquele homem era realmente bom ou não — pois questiono que medida pode ser usada para determinar tal coisa —, o fato é que ele sentia um prazer indelével em fazer caridade. Sentia-se elevado, superior às outras pessoas, quando elas se curvavam em agradeci-mento por tanta generosidade. Acima de tudo, o elogio dos amigos e dos sacerdotes, que o bajulavam rotulando-o de ‘o melhor ser humano do mundo’ fazia-lhe feliz.

Em certo momento, para atender aqueles que o interrompiam na rua pedindo-lhe esmolas, Ângelo passou a levar consigo, pendurado na cintura, um saco cheio de moedas. E, logo, multidões o seguiam pelas ruas, as mãos ávidas, as bocas suplicantes. Ele atendia a todos com soberba, que disfarçava muito bem em ternura. Aos seus olhos, era uma turba de animais que o cercavam submissos, como que em adoração. Talvez fosse dessa forma que Deus se sentiria, ele ponderou tantas vezes, e sorria satisfeito.

Uma vez, porém, vindos da metrópole, chegaram Emílio e Wilson, pessoas de índole reprovável, que cidadãos prudentes deveriam evitar.

Ângelo, contudo — apesar dos avisos de amigos que breve se antipatizaram com aquela dupla — não os repeliu. Era bondoso, o Senhor o protegeria de tudo, e não discriminaria nenhuma alma que precisasse de ajuda. Passou a tarde na companhia daqueles homens, pagou-lhes o que beber, bebeu com eles, riu, conversou frivolidades, e nesse estado, deixou-se conduzir.

No começo da noite, eles o levaram até a área onde a cidade acumulava lixo. Lá lhe cortaram a garganta, apoderaram-se do saco de moedas e fugiram, deixando-o para morrer em meio a restos, dejetos e coisas apodrecidas. Ironicamente, a quantia no saco mal lhes pagou outra noite de bebida.

Quanto a Ângelo, pela manhã, mendigos, que reviravam o lixo em busca de comida ou algo que pudessem vender, encontraram-lhe o cadáver. Reconheceram-no e lembraram-se de caridades passadas, contudo, logo um deles fez uma sugestão que invocou protestos e repulsa, bem como um ligeiro debate. Mas, no final, enfatizaram que há dias não comiam e, de qualquer modo, ele não estava mais vivo. Prefiro resumir o que houve a seguir recordando que a fome é uma senhora mais poderosa que a razão, a lei ou a condição humana. Assim, com facas e improvisados objetos cortantes, retalharam o corpo de Ângelo. Em seguida, fizeram fogueira, dividiram a carne dele entre si, devoraram e festejaram por algumas horas. Concluíram aquela manhã, satisfeitos, felizes e de estômago cheio, embora a consciência teimasse em recriminá-los.

Foi dessa forma que Ângelo terminou a vida. Não poucas pessoas diriam que ele, por ser humano, mereceria um fim melhor. Concordo, mas, um amigo meu, já falecido, diria: ‘quem de nós — bondoso, maligno ou farsante — está a salvo da fatalidade, mesmo das mais sinistras?’”

O Barão Otto von Dews ficou em silêncio por um instante, como se buscasse as palavras para dizer algo muito importante, mas, fosse o que fosse, ele desistiu da idéia e apenas falou com um tom de amargura:

— Mais uma noite de insônia! Um bom dia, pequeno fantasma. Aguardo-o quando desejar ouvir outra história.

E levantou-se da poltrona, recolocou o livro de volta a uma das estantes, recolheu a taça e a garrafa e começou a descer as escadas até a sala de jantar, para a primeira refeição do dia.

FIM

POEMETO(I)

Este

Este verso tão desesperado
Desta minha alma desolada
Que pelo amor abandonada
Veio a si mesma a devorar
E assim morrer de inanição

Este

Poema: Rita Maria Felix da Silva

junho 10, 2013 at 2:49 am 2 comentários

Os Mereges em Áudioconto

Link e áudio corrigidos!

Há algum tempo escrevi este conto “Os Mereges”. Faz parte de um projeto maior meu chamado “O Bestiário de Amarante” (um livro fictício que vou citar numa história. Aí achei que seria divertido escrever algumas partes deles).

Na época que fui escrever esse “Os Mereges” a escritora (ela é uma ótima escritora aliás) Ana Lúcia Merege me autorizou a usar o sobrenome dela para nomear os personagens.

Recentemente, Paulo Elache transformou esse conto em áudioconto, mas houve um probleminha técnico e parte do conto saiu cortado. Ele consertou e agora está o conto em sua forma plena.

Os Mereges


NOTA

Infelizmente, o link de que trata o post abaixo está quebrado. Conversei com os responsáveis pelo site e me disseram que logo consertam.

Agradeço a compreensão de todos.


Pessoal,

Faz algum tempo que escrevi este conto.

Agora, Paulo Elache do Podfiction transformou-o em um áudioconto. Adorei o resultado espero que vocês gostem também.

“Os Mereges em Áudioconto”

Ainda não pude confirmar com Paulo, mas uma parte do conto, a que fala dos Mereges Pretos não foi incluída, acredito que por algum problema técnico. Mas isso não mancha o brilhante trabalho que Elache fez ao transformar esse conto em áudioconto.

Boa ouvida.
Beijos
Rita

junho 8, 2013 at 3:52 am Deixe um comentário

A INSÓLITA HERANÇA DE IVO TELES

A INSÓLITA HERANÇA DE IVO TELES
Por Rita Maria Felix da Silva

Dizem que, quando jovem, Ivo Teles, um residente de São Bento da Trindade, interior de Pernambuco, foi um grande viajante. Contam também que falava uma dúzia de línguas, talvez mais, e foi a lugares a que poucos, ou somente ele, tiveram a chance de conhecer.

Igualmente extraordinário é o que comentam de sua morte:

Na hora do jantar. Sua empregada, Alaíde, foi a única a estar com ele naquela noite, pois Teles era um notável solitário. Ele estava tomando uma sopa e, como havia se tornado costume em seus dias finais, resmungava algo obscuro sobre inimigos que juntara a vida toda e finalmente chegariam para se vingar. Alaíde escutava preocupada que o patrão estivesse ficando louco ou caduco.

Em algum instante, Teles levantou-se da cadeira transtornado e começou a vociferar para coisas invisíveis, em língua que Alaíde nem mesmo sonharia entender, enquanto a empregada tremia de medo e perguntava o que estava acontecendo. Então, Ivo começou a pegar fogo. A doméstica fugiu assustada. A casa se incendiou muito rapidamente. Quando os bombeiros chegaram, não havia muito para salvar. O corpo carbonizado de Teles estava entre os destroços do incêndio.

Ivo Teles deixou poucas posses. A mais notável delas era um baú de madeira, que, conforme instruíra em testamento, foi enviado para um de seus sobrinhos-netos, Garen Ordonax, cidadão da Inglaterra.

Ordonax, que não tinha contato com o tio-avô há muito tempo — embora ainda lembrasse de certa época quando o brasileiro foi para ele o pai que nunca teve — recebeu a notícia da morte e a herança com tristeza no coração.

Em Londres, Garen abriu o baú, com a chave que acompanhava uma carta de despedida de Ivo (escrita em Inglês) e lá encontrou um grupo notável de objetos exóticos e uma lista, também no idioma britânico, que descrevia aqueles itens como “minha querida coleção de souvenires coletados nos tempos que viajei por toda a parte e um pouco mais além”. Cada descrição era acompanhada de um pequeno comentário de Teles.

Eram sete esses objetos, cada um deles assim descrito:

  1. Uma pena branca manchada de sangue, que uma vez pertencera à asa direita do anjo Amonel, um idealista que sonhou por fim a quase eterna guerra entre sua espécie e os demônios, mas que sucumbiu a uma vergonhosa traição engendrada por uma aliança composta por radicais de ambos os lados do conflito. Teles lembrava de Amonel como o melhor amigo que já teve.

  2. Um pedaço de vidro, o qual, até certa época, fizera parte de Mirhum-yam-arharnor, o espelho mágico que servia de portal para uma centena de mundos. Aquele objeto, comentava Ivo Teles na carta, era falante, tinha alma e inteligência femininas, e foi a mais agradável companhia que ele teve em muitas de suas viagens, até uma tragédia separá-los para sempre.

  3. Um biochip mumificado componente de 001010011, o computador que controlava uma máquina do tempo agora eternamente destruída. Teles jamais esquecera as conversas filosóficas entre ele e aquela magnífica Inteligência Artificial.

  4. A pata empalhada do Conde Lothar Gan Amor, célebre lobisomem que se ocupava em devorar apenas belas virgens. O conde era abominável como ser humano e monstro, comentou Ivo Teles, o qual se sentiu feliz por ter participado da caçada que exterminou aquela fera.

  5. O coração petrificado do Rei Amung-Yansur, que, num passado distante, governara o mundo inteiro, mas, traído pelos filhos e pela esposa, tão amados por ele, uma tristeza desmedida possuiu-lhe a alma e seu coração tornou-se pedra dentro do peito e ele morreu. Teles havia aconselhado Amung-Yansur sobre aquela família, mas se, como dizem, o amor pode cegar, também é capaz de tornar, mesmo as maiores pessoas, surdas a advertências.

  6. O crânio, que Ivo recolhera das cinzas do cadáver de Atrovaxos, um jovem dragão que ousou tornar-se humano e foi perseguido e assassinado por outros dragões, os quais se revoltaram com a de-cisão dele. É uma história triste, afirmou Ivo Teles na carta, e enfatizou que a verdadeira moral dela lhe escapava.

  7. O anel de ouro, com um rubi nele cravejado, que já pertencera a Iwan Khan, cientista de um distante futuro possível, que, decepcionado com a humanidade, exterminou-a disseminando um vírus mental e criou toda uma nova espécie humana, segundo seus próprios critérios, apenas para ver essa segunda humanidade logo definhar e tornar-se pior que a primeira. Khan cometera suicídio ao ingerir um poderoso venenoso de sua própria criação. Teles lamentara por aquele cientista a quem faltara visão para compreender a humanidade e a sabedoria para poder aceitá-la como é.

    Com um misto de maravilha e descrença, Garen Ordonax guardou o baú, enquanto pensava no tio-avô. Um velho louco? Um mero contador de histórias? E, se tudo aquilo, pudesse ser de algum modo verdade… Impossível, claro, mas prometeu a si mesmo levar aqueles itens a um laboratório para serem analisados no dia seguinte, pois estava tarde e ele, cansado. Foi dormir.

    Deitou-se e teve um sono longo e profundo, no qual sonhos o visitaram, sonhos de uma infinidade de viagens, nas quais ele, e não seu tio-avô, vivia todas aquelas aventuras.

    FIM
    Dedicado a Sara Khan

    junho 2, 2013 at 4:33 am 2 comentários